quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Nota Musical X: Os 10 álbuns mais importantes dos anos 2000

Último dia de 2009... e muitos sequer lembraram que hoje também é o último dia da década de 00 (ou dos anos 2000, pra ficar menos estranho)! Seguindo a moda das retrospectivas e afins, tecnicamente já é possível fazer listas sobre esta década que se acaba. Sendo este blog um blog sobre música - mais especificamente sobre "álbuns de cabeceira" - nada mais justo do que fazer uma listinha dos 10 discos mais importantes do Rock na década.

Adotei como referência bibliográfica o livro 1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer, do escritor Robert Dimery, que lista 1001 discos essenciais na história da música. Tudo bem, ele só vai até 2007, mas já serve de boa referência. Além do mais, é difícil entender a importância de álbuns lançados há apenas alguns anos... E lembrem-se: estou falando de importância, e isso pressupõe sucesso, influência, coerência com o cenário musical da época, etc. Coisas muito boas/legais podem ficar de fora, mas isso não significa que o que está na lista é ruim/chato demais. Também não adianta colocar na lista o álbum instrumental de uma banda de Rock Paquistanês, por melhor que ele seja, se ele não é de domínio popular.

Bem, segue minha lista. E que venha o apedrejamento.

01. American Idiot (Green Day)











02. All That You Can't Leave Behind (U2)











03. Is This It (The Strokes)











04. Parachutes (Coldplay)











05. Elephant (White Stripes)











06. Whatever People Say I Am, That's What I'm Not (Arctic Monkeys)










07. In Rainbows (Radiohead)










08. Franz Ferdinand (Franz Ferdinand)











09. Hot Fuss (The Killers)











10. Hibrid Theory (Linkin Park)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Stanley Jordan faz show para 17 pessoas em São Paulo

O professor de guitarra Felipe Cavalcanti, de 28 anos, passou boa parte do domingo em ônibus e trens. Mais precisamente, uma hora e meia para ir (e provavelmente outra hora e meia para voltar) do Morumbi até Guaianases, no extremo leste de São Paulo - e tudo isso debaixo de uma insistente garoa. Tudo isso para ver o americano Stanley Jordan, um dos maiores guitarristas de jazz do planeta.

Jordan foi a principal atração da mais recente edição da Quebrada Cultural. O evento, inspirado na Virada Cultural que acontece na região central, leva diversas atrações culturais à periferia paulistana, sempre com entrada gratuita. Neste final de semana, o festival aconteceu em dois locais: além de Guaianases, na zona leste, também no Grajaú, no extremo sul da capital paulista.

Era de se esperar que a presença de um dos maiores guitarristas do mundo, num show gratuito e numa área carente de atrações culturais, atraísse um grande público. Mas não foi isso que aconteceu na Praça de Eventos de Guaianases, nome imponente que batiza uma espécie de estacionamento às margens do Ribeirão Itaquera: pouco antes de sua apresentação começar, havia exatamente 17 pessoas na plateia. Isso mesmo, 17.

Felipe Cavalcanti era uma delas. Junto com os amigos Kátia Arteiro e Carlos Alberto, atravessou a cidade inteira só para ver o guitarrista. Eram parte da metade do público que claramente era fã de Jordan. A outra metade era formada por curiosos. "A gente queria que tivesse mais gente aqui. Mas quem está aqui, está de coração", afirmou o mestre de cerimônia da festa, pouco antes do show começar.

O professor de violão Wilson Sarmento, de 54 anos, tinha algumas explicações para o pequeno público. "Isso aqui foi muito mal divulgado. Eu mesmo só fiquei sabendo por acaso, quando procurava informações sobre um outro show", conta. Ele também teve dificuldades para encontrar o local da apresentação. "A sinalização está péssima. E olha que eu conheço bem essa região", criticou.

Uma integrante da organização do evento, que preferiu não se identificar, também apontou a divulgação insuficiente como principal culpada pelo fracasso de público. Outro fator importante, segundo ela, foi trazer um artista desconhecido da população da região. "Eu sei que isso pode parecer preconceituoso, mas o pessoal aqui só quer saber de pagode e rap. Aqui ninguém sabe quem é esse cara", disse.

O diagnóstico poderia fazer algum sentido se Stanley Jordan fosse a única atração da Quebrada Cultural. Mas, antes dele, apresentaram-se cantoras como Vanessa Jackson (vencedora da primeira edição do reality show Fama) e Quelynah (uma das estrelas da minissérie Antonia), e mesmo assim a plateia não passava das 50 pessoas.

Jordan, é importante dizer, comportou-se como se tocasse para um estádio lotado. É verdade que, às vezes, dava olhares desanimados para o horizonte. Mas mostrou um profissionalismo exemplar ao ajustar o som até que ele estivesse de acordo com sua vontade. O que levou cerca de 40 minutos e irritou produção e parte do público, mas fez com que sua guitarra fosse ouvida com clareza pelas 17 pessoas que ali estavam.

Ele tocou junto com dois brasileiros: Dudu Lima, baixista que o acompanha há algum tempo, e Ivan Conti (vulgo Mamão), um dos maiores bateristas do Brasil. O show durou pouco mais de uma hora, e teve como pontos altos as impressionantes versões de "Insensatez" e "Eleanor Rigby". Uma bela amostra da técnica única de Jordan, que toca as cordas de sua guitarra como se fossem as teclas de um piano.

No final, um sorriso tímido e nada de bis. Para os poucos e insistentes fãs, ficou a lembrança de um grande show e a expectativa de um longo caminho de volta para casa.

Fonte: http://musica.ig.com.br/noticias/2009/12/14/stanley+jordan+toca+para+17+pessoas+em+guaianases+9233246.html

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nota musical IX: Fingerstyle

Nos últimos meses venho me impressionando com a musicalidade e a técnica de certos violonistas de um estilo que vem aparecendo no cenário mundial: o fingerstyle. Trata-se de um estilo em que o violão assume todos os papéis numa música, sendo o responsável pelo baixo, melodia, harmonia e até pelo ritmo.

Meu primeiro contato com este estilo foi durante as aulas de violão. Quando comecei a enveredar pelo violão clássico, meu professor sempre vinha com alguns arranjos instrumentais para músicas "populares", e uma que me chamava atenção era Your Latest Trick, do Dire Straits. Desde então sempre procurei abstrair o arranjo de algumas músicas para uma versão fingerstyle, mas consegui montar apenas dois ou três arranjos legais.

Seguem alguns vídeos de alguns violonistas do estilo mais famosos no Youtube:







sábado, 14 de novembro de 2009

Eu e o Hudson Cadorini - Só pra encher linguiça...

Faz um bom tempo que não escrevo por aqui. Trabalhos na faculdade, processos seletivos pra estágio (nos quais, inclusive, eu menciono que mantenho um blog, portanto estou correndo risco de alguém entrar aqui e ver que não ando postando), provas de Vibrações e Transferência de Calor... tudo isso tem me tirado do Álbuns de Cabeceira.

Bem, o ponto principal desta postagem é uma foto que eu estava devendo pra vocês desde a postagem sobre o show do Edson & Hudson. Isso foi em agosto, e só agora consegui a famigerada foto com o mestre Hudson Cadorini. Parece um assunto ínfimo, mas diante das circunstâncias ele merece uma postagem especial.

PS.: Sim, eu fui no show do Edson & Hudson com uma camiseta do Rush.

sábado, 24 de outubro de 2009

Nota Musical VIII: A História de Bohemian Rhapsody

Navegando pela nossa amiga "internê", achei um documentário sobre um dos maiores clássicos do Rock: Bohemian Rhapsody, do álbum A Night at the Opera (1975), do Queen. Na verdade o documentário é quase um documentário sobre a história da banda como um todo, mas boa parte de seu conteúdo trata do processo de criação e gravação de Bohemian Rhapsody.

Seguem os links dos vídeos no Youtube, dublados em português "manuelístico":















PS1: Para os desinformados, "vídeo disco" nada mais é do que vídeo clipe.
PS2: Aprendi a colocar vídeos no blog! Todos os vídeos do blog que eram citados através de links foram substiuídos por links diretos do Youtube.

sábado, 10 de outubro de 2009

Snakes & Arrows (Rush) - Ainda há muita lenha pra ser queimada...

Caros (e raros) leitores deste blog, devo minhas desculpas a vocês. As tarefas da faculdade têm me consumido de tal maneira que não tenho tido muito tempo de postar por aqui. Bem, agora consegui um tempo pra escrever um pouco e não deixar este blog em branco por um mês.

No dia 1º de maio de 2007 foi lançado o álbum Snakes & Arrows, o 18º álbum de estúdio do Rush. Os anos vão passando e estes três canadenses (Geddy Lee no baixo, vocais e sintetizadores; Alex Lifeson na guitarra e Neil Peart na bateria) continuam surpreendendo com sua criatividade e talento mesmo após passarem da barreira do meio século de vida e dos 35 anos de carreia.

Este álbum foi o primeiro lançamento de inéditas desde 2002, ano de lançamento do Vapor Trails (2002). Neste intervalo de 5 anos as atividades foram intensas: a turnê do Vapor Trails (a primeira depois da volta de Neil Peart), a gravação do show que gerou o Rush in Rio e a comemoração dos 30 anos de carreira em 2004 (com a gravação do disco de covers Feedback e do DVD ao vivo R30). Depois de um tempo de folga, eles voltaram ao estúdio sob a produção de Nick Raskulinecz (produtor de bandas como Foo Fighters e Velvet Revolver), sendo este jovem produtor uma peça fundamental em alguns detalhes da composição deste álbum - mais adiante deixarei as coisas mais claras. Estas experiências nostáligcas vividas nos 5 anos anteriores somadas ao entusiasmo de um jovem produtor fanático pela banda são a essência deste 18º álbum da banda.

O Snakes & Arrows, assim como outros trabalhos do Rush, apresenta um tema principal. Desta vez, a religião e a espiritualidade tomaram mais espaço nas idéias de Peart. Outro aspecto interessante é a presença maciça de violões e outros instrumentos acústicos, - até mandola e bouzouki, um instrumento de origam grega - presença esta devida ao estilo acústico de composição adotado por Alex. A sonoridade crua é a grande marca deste trabalho, mas não se trata de um cru pesado como nos anos 90, e sim uma crueza mais orgânica, inspirada nos anos 70 mas com uma roupagem moderna.

O título do álbum (originalmente tirado do primeiro verso de Armor and Sword) tem relação com um jogo budista chamado Leela (ou Snakes & Ladders, como é conhecido pelos ingleses), jogo este que é uma metáfora do karma. Esta ligação originou a arte da capa, que consiste no tabuleiro deste jogo milenar.

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Nome do álbum: Snakes & Arrows
Lançamento: 2007
Músicas:
01. Far Cry
02. Armor and Sword
03. Workin' Them Angels
04. The Larger Bowl
05. Spindrift
06. The Main Monkey Business
07. The Way the Wind Blows
08. Hope
09. Faithless
10. Bravest Face
11. Good News First
12. Malignant Narcissism
13. We Hold On

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01. Far Cry
Far Cry já nasceu um clássico, o que justifica sua escolha como primeiro single do álbum. Ela é bem representativa de uma característica curiosa deste álbum: o retorno a algumas características antigas da banda. A introdução sincopada faz referência à época mais prog da banda, o acorde de transição é exatamente o mesmo acorde inicial de Cygnus X-1: Hemispheres (inclusive gravado com a mesma guitarra) e o clipe faz referências à música Red Barchetta, do álbum Moving Pictures (1981). E nela entra um dedo do Nick: o "solo" de bateria no final foi sugestão dele, prontamente aceita por Neil Peart.

02. Armor and Sword
Esta música é a primeira que toca no assunto religião, porém de maneira bem discreta. Talvez seja uma alusão às loucuras cometidas pelos fanáticos religiosos - o verso No one gets to the heaven without a fight me leva a esta conclusão. Aqui aparecem os primeiros violões mais "crus" do álbum. As harmonias vocais do Geddy Lee também merecem destaque - parece que a voz do cara melhora com o tempo, como se fosse vinho!

03. Workin' Them Angels
Workin' Them Angels tem um certo tom autobiográfico. Trata-se de uma reflexão de como a vida de Neil Peart como artista vem sendo posta em risco ao longo de todos estes anos de carreira, fazendo turnês e etc. Mas apesar dos riscos, muitas coisas boas foram vivenciadas também. Novamente os elementos acústicos aparecem, desta vez com um inusitado solo de bouzouki. A letra desta música foi originada por alguns versos que iniciam o livro Traveling Music, escirto por Neil Peart e que trata basicamente de aventuras vividas em turnês - está explicado o tom autobiográfico.

04. The Larger Bowl
Aqui há uma breve crítica social sobre as desigualdades sociais no mundo. Os arranjos são bem crus, com destaque para a voz e violão. Desta vez as letras vieram da época do livro Masked Rider, escrito por Neil Peart após uma jornada de bicicleta pela África nos anos 80.

05. Spindrift
Pra dizer a verdade, Spindrift é uma música bem estranha. Apesar do arranjo um tanto quanto psicodélico, trata-se de uma canção sobre problemas de relacionamento.

06. The Main Monkey Business
Eis a primeira instrumental do álbum. É um prato cheio para os audiófilos, músicos amadores e afins: arranos complexos, muitos instrumentos, passagens incomuns, ritmos diferentes, etc. Um fato curioso é que a gravação desta música foi feita ao vivo, com os três integrantes tocando juntos no estúdio. Além de evitar crises de insanidade ao tentar gravar faixas de tamanha complexidade usando o método convencional, uma gravação ao vivo dá asas à espontaniedade e à naturalidade de uma performance ao vivo. Aqui cabe uma pergunta: e este nome, daonde veio? Trata-se de uma expressão usada pela vó polonesa de Geddy...

07. The Way the Wind Blows
Uma das mais belas canções do álbum, quiçá de toda a carreira da banda. Boa parte do feeling da música vem das passagens bluesísticas e da pegada Rock n' Roll dos versos - diga-se de passagem, outra sugestão de Nick. A letra fala basicamente sobre conformismo, aludindo ao confirmismo espiritual. O refrão mostra bem esta idéia:

We can only grow the way the wind blows
On a bare and weathered shore
We can only bow to the here and now
On our elemental war
We can only grow the way the wind blows
We can only bow to the here and now
Or be broken down blow by blow

08. Hope
Para os que subestimam o papel de Alex Lifeson no Rush, aqui está uma prova do contrário. Ele já tinha uma outra peça acústica gravada, chamada Broon's Bane, gravada no álbum ao vivo Exit... Stage Left (1981); mas esta foi sua estréia solo em estúdio. Não há muito o que falar... simplesmente uma bela música folk instrumental que transmite a idéia de seu título: esperança.

09. Faithless
Nesta música fica explícita a idéia central de espiritualidade que o álbum trás. Ela trás as mesmas idéias de Free Will, do álbum Permanent Waves (1980): a defesa da livre expressão da espiritualidade e das crenças.

10. Bravest Face
Bravest Face fala sobre a noção de que tudo tem "um outro lado" escondido, muitas vezes inesperado porém não desprezível.

11. Good News First
Good News First trás em sua introdução mais um artigo dos áureos anos 60/70: o Mellotron (pra quem não sabe, o Mellotron foi um dos primeiros teclados eletromecânicos, produzido nos anos 60). Mais um bom trabalho dos vocais de Geddy Lee.

12. Malignant Narcissism
Esta música tem uma história interessante. Durante as gravações dos vocais, entre uma gravação e outra, Geddy Lee brincava com um baixo fretless (baixo sem os trastes, assim como os baixolões acústicos usados antes de aparecerem os baixos elétricos). Nick logo percebeu algo interessante nestas "brincadeiras" de Geddy e gravou alguns trechos com o microfone usado para gravar a voz. Empolgado, Nick fez a banda se reunir para gravar uma nova instrumental (a terceira do álbum) baseada nas idéias da "brincadeira" de Geddy. E assim nasceu MalNar (um apelido carinhoso dado pelos fãs), que lembra bastante YYZ pelos duelos entre baixo e guitarra.

13. We Hold On
We Hold On fala sobre persistência, refletindo sobre o que já se fez no passado e que poderia ter causado desistência. Esta música tem bastante a ver com toda a trajetória do Rush, que teve uma carreira baseada em pricípios próprios e independentes das pressões externas do mundo do show business.

É sempre bom ver (e principalmente ouvir) estes grandes talentos da música mundial ainda na ativa mesmo após muitos anos de carreia. E depois de todo este tempo, muitos querem saber qual é a receita da longevidade da banda - e acredite: em todas as entrevistas dos últimos 7 anos eles respondem esta mesma pergunta. A receita é simples: eles fazem o que gostam. Gravam um disco, fazem uma turnê (que nem precisou fazer muita força pra ser a maior turnê da história da banda, com mais de 100 shows em um ano e meio, chegando a ser listada no top 10 das maiores turnês da época) e tiram um descanso merecido.


Mais preparem-se, o outono está chegando no hemisfério norte e o power trio está voltando para os estúdios. Ninguém sabe o que esperar deste possível novo álbum, mas uma coisa é fato: eles ainda têm muita lenha pra queimar...

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Nota Musical VII: Exposição da Calçada do Rock Brasileiro


O projeto Rock Walk, criado pelo empresário Márcio Mota, é a versão brasileira da calçada da fama do Rock do Sunset Boulevard, na Califórnia. Ela já conta com diversos nomes do Rock nacional, como Dr. Sin, Paulo Ricardo, Nelson Mota (eu preciso tirar uma tarde pra trocar idéias com este cara!), Pepeu Gomes, Sepultura, Arnaldo Baptista, Mutantes, entre outros.


Esta calçada da fama brasileira está em "turnê" por vários shoppings do Brasil, e ontem eu conferi a exposição feita no Shopping Metrô Boulevard Tatuapé, em São Paulo. A exposição conta com as guitarras autografadas pelos músicos que já pisaram na calçada da fama (não são as guitarras dos caras, é óbvio...) e as placas com as marcas das mãos/pés destes artistas.


Vale a pena conferir a exposição, que vai até quarta-feira, dia 16/9. Caso você perca a oportunidade, ela percorrerá outras cidades do Brasil - Campinas e Ribeirão Preto estão no roteiro do interior paulista.

Serviço
RockWalk Brasil: http://www.rockwalk.com.br/
Shopping Metrô Boulevard Tatuapé: http://www.shoppingboulevardtatuape.com.br/

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nota Musical VI: Interpretando a letra de Beautiful (Marillion)

Dias atrás escutei outra música do Marillion na Kiss FM, chamada Kayleigh. Só por ter nome de mulher já conclui-se que a música deve ser brega, ao estilão anos 80. Pois então, buscando esta música para download na internet eu achei outra música do Marillion, Beautiful, e acabei baixando também. Quando comecei a escutar Beautiful, pensei: "Nossa! Não sabia que esta música brega era deles também...". Mas depois, parando para analisar a letra, achei-a muito interessante a ponto de merecer uma postagem.

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Nome da música: Beautiful
Álbum: Afraid of Sunlight (1995)
Autor: Steve Hogarth, Mark Kelly, Ian Mosley, Steve Rothery e Pete Trewavas

Everybody knows that we live in a world
Where they give bad names to beautiful things
Everybody knows that we live in a world
Where we don't give beautiful things a second glance
Heaven only knows we live in a world
Where what we call beautiful is just something on sale
People laughing behind their hands while the fragile
And the sensitive are given no chance

And the leaves turn from red to brown
To be trodden down, to be trodden down
And the leaves turn from red to brown
Fall to the ground, fall to the ground

We don't have to live in a world
Where we give bad names to beautiful things
We should live in a beautiful world
We should give beautiful a second chance

And the leaves fall from red to brown
To be trodden down, to the trodden down
And the leaves turn green to red to brown
Fall to the ground, and get kicked around

You're strong enough to be...
Have you the faith to be...?
You're sane enough to be..
Honest enough to say...
Don't have to be the same...
Don't have to be this way
C'mon and sign your name
You wild enough to remain beautiful
Beautiful

And the leaves turn from red to brown
To be trodden down, trodden down
And we all fall green to red to brown
Fall to the ground, we could turn it around

You're strong enough to be..
Why don't you stand up and say?
Give yourself a break
They laugh at you anyway
So why don't you stand up and be Beautiful?

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A princípio, a letra pode parecer melosa devido ao título e ao fato de ser trilha sonora de muitos casais apaixonados. Mas a letra tem um significado mais profundo. O sentido principal da música é chamar a atenção de todos para as pequenas coisas que são, de fato, as coisas belas da vida. Alguns versos da primeira estrofe deixam esta idéia bem clara:
Todos sabem que vivemos num mundo
Onde dão nomes feios à coisas bonitas
Todos sabem que vivemos num mundo
Onde não dão uma segunda olhadinha às coisas bonitas
O refrão é um alerta, um apelo metafórico para que as pessoas aproveitem as coisas belas antes que elas se vão:
E as folhas mudam
Do vermelho para o castanho
Ficam abatidas e em baixo
Ficam abatidas e em baixo
Na estrofe seguinte há um apelo para que todos nós dediquemos pequenos momentos de nossa vida para as coisas belas:
Nós deveríamos viver num mundo bonito
Nós deveríamos dar ao bonito uma segunda chance
No finzinho da música há uma grande mensagem que geralmente não é inclusa na letra "oficial":
Preto, branco, ouro, vermelho e castanho
Nós estamos presos neste mundo
Sem lugar para onde ir
Olhando ao redor
Porque estás com medo?
Mostra-te do que és feito
Que sejas tu e que sejas bonito
Bonito
Pra finalizar, eu sugiro que você asista o clipe da música com a letra traduzida, é uma bela mensagem:

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Edinho Santa Cruz e Banda no IV Festival de Inverno de Itapecerica da Serra

Você provavelmente não conhece este indivíduo chamado Edinho Santa Cruz, muito menos a banda dele. Pra começar a refrescar a sua memória, vou dar duas dicas:
- Você escuta a rádio Kiss FM? Lembra daquelas propagandas "e neste sábado, no O Garimpo, Edinho Santa Cruz e Banda..."?
- Você não lembra quem era o comandante da banda do Faustão entre 2000 e 2004?

Bem, a resposta para as perguntas anteriores é a seguinte: sim, é ele mesmo. O Edinho Santa Cruz é um músico que já tem muita estrada, inclusive com experiências internacionais. Apareceu em programas de calouros, tocou em diversos programas de TV (Fantástico, Programa da Hebe, Domingão do Faustão, Perdidos na Noite, dentre outros) e fez parcerias com nomes ilustres da música mundial como Maurice Gibb (Bee Gees) e Denny Serafine e Laudir de Oliveira (Chicago).

O último trabalho de Edinho Santa Cruz e sua banda é o Na Estrada do Rock - In Concert, show gravado em São Bernardo com o acompanhamento da orquestra regida pelo Maestro Paulo Serino da Cruz e com participações do coral infantil da Fundação Salvador Arena e do guitarrista Márcio Sanches (Queen Cover). Neste show, Edinho e sua banda - Cillinho Siqueira (teclados, piano e voz), Glenio Salerno (bateria e voz) e Sandro de Lunna (baixo, violão e voz) - tocam grandes clássicos do Rock que vão desde Beatles até Van Halen.

Nos últimos anos, várias cidades do interior de São Paulo têm investido em festivais de inverno como atrações turísticas. Esta idéia já é relativamente antiga, e veio com a pioneira Campos do Jordão, que este ano comemorou a 40a. edição de seu festival de inverno. Outros festivais badalados são o de Paranapiacaba e o de Ribeirão Pires (no caso desta última cidade, o festival é do chocolate). Estas festas contam sempre com barracas com iguarias típicas da região e com atrações musicais durante todo o dia. Em julho tive a oportunidade de assistir shows do Bruno & Marrone e do Falamansa no V Festival do Chocolate de Ribeirão Pires e pude notar que lá a estrutura era muito legal - mas as atrações não chegavam a ponto de merecer uma resenha.

Entretanto, a estrutura do IV Festival de Inverno de Itapecerica da Serra era bem menor. Haviam poucas barracas e a estrutura de palco era pequena, tudo na pracinha da igreja matriz. Apesar da simplicidade da organização, o lugar era bem acolhedor e ajudou para dar aquele gás extra na sinergia artista-público. Ontem foi o último dia do festival.

Aproximadamente 80% do repertório tocado faz parte do DVD gravado em São Bernardo. O quarteto abriu com Live And Let Die (Paul McCartney), seguida de Confortably Numb (Pink Floyd) e You Can Leave Your Hat On (Joe Cocker). A respeito desta última música, houve um fato pitoresco: desde o momento em que pisou no palco vestindo um saiote escocês, o baixista Sandro de Lunna foi ridicularizado por alguns moleques da platéia - apesar do porte físico avantajado e dos cabelos longos de headbanger. Bastou ele começar a cantar o clássico de Joe Cocker com seu vocal quase gutural à la Lemmy que a molecada encheu as calças. A primeira novidade no repertório veio com Still Loving You (Scorpions). Depois se seguiram clássicos de bandas como Creendance Clearwater Revival, Rolling Stones e Queen.

A música How Can I Go On (Queen) merece um destaque especial para os arranjos vocais. Só o fato de todos os membros da banda cantarem, não só como segundas vozes mas como vocalistas principais, já chama muita atenção. Como se não bastasse, Edinho tira vozes com baixos teores de testosterona em músicas como esta do Queen e em Concerto Para Uma Voz (esta última não foi tocada no show de ontem).

Outros sons de bandas clássicas como Deep Purple, Led Zeppelin e Pink Floyd levaram muitas pessoas de cabelos mais grisalhos a relembrar seus bons tempos. E um momento legal do show foi a homenagem aos 20 anos da morte de Raul Seixas. Os tradicionais clamores de "Toca Raul!" foram atendidos com um medley composto por músicas como Guita, Quem Não Tem Colírio Usa Óculos Escuros e Tente Outra Vez.

Ao longo do show ocorreram alguns problemas de som, mas nada fora do comum (falta de retorno para os músicos, microfonias, mau contato de cabos...). Mesmo assim, a qualidade do som estava boa em vista do porte do evento. O mais chato do show foi a molecada disposta somente a chamar atenção gritando "Maiden, Maiden...", fazendo bate-cabeça ao som de Paul McCartney (?????) ou enchendo o saco do baixista-escocês. É... nessas horas o músico tem que ter muito jogo de cintura.

Outro momento legal foi o momento "Se Vira Nos 30". Nesta hora, rolaram improvisações bem pitorescas: Cillinho tocando Asa Branca com o nariz, seguida de uma versão headbanger da mesma música e de firulas com o Edinho e o Sandro tocando seus instrumentos nas costas e com os dentes. Mais tarde houve também um pequeno solo de bateria, no qual Glenio Salerno mostra influências claras do mestre Neil Peart.

Eu, como músico amador que já tocou em banda deste estilo, admiro pra caramba o trabalho destes caras. É muito difícil montar um repertório desta variedade, reproduzir os arranjos originais ao vivo (principalmente no quesito voz) e ainda agradar a maioria do público. E, além de tudo isso, os caras são músicos da melhor qualidade e conseguem manter uma sintonia com o público que é fascinante. Garanto que muitos dos expectadores, assim como eu, se sentiram como se estivessem vendo toda a história do Rock n' Roll passando na frente de seus olhos.

PS1.: Mais uma vez, perdão pelas fotos ridículas. Realmente, não dá pra fazer cobertura fotográfica com câmera de celular, ainda mais com uma árvore bem em frente do palco.

PS2.: Seguem algumas fotos retiradas do site
www.itapecericaweb.com.br.







sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Nota Musical V: Interpretando a letra de Show Me the Way (Peter Frampton)

O primeiro off topic deste blog foi uma análise da letra de uma música. A partir de agora, sempre que pintar na minha cabeça alguma letra legal pra analisar, vou fazer a análise sob o título de Nota Musical. Desta vez o alvo é Show Me the Way, do guitarrista solo Peter Frampton.

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Nome da música: Show Me the Way
Álbum: Peter Frampton (1974)
Autor: Peter Frampton

I wonder how you're feeling
There's ringing in my ears
And no one to relate to 'cept the sea
Who can I believe in?
I'm kneeling on the floor
There has to be a force
Who do I phone?
The stars are out and shining
But all I really want to know...

Oh won't you show me the way
I want you to show me the way

Well, I can see no reason
You're living on your nerves
When someone drops a cup and I submerge
I'm swimming in a circle
I feel I'm going down
There has to be a fool to play my part
Someone thought of healing
But all I really want to know...

Oh won't you show me the way
I want you to show me the way
I want you day after day

I wonder if I'm dreaming
I feel so unashamed
I can't believe this is happening to me
I watch you when you're sleeping
And then I want to take your love

Oh won't you show me the way
I want you to show me the way
I want you day after day

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Tradução: Mostre-me o Caminho

Eu adivinho o que você está sentindo
Está rondando meus ouvidos
E ninguém para eu contar, exceto o mar
Em quem eu posso acreditar?
Estou me ajoelhando ao chão
Deve haver uma força
Para quem eu telefono?
As estrelas estão lá fora brilhando
Mas tudo o que eu quero é saber

Você não vai me mostrar o caminho?
Eu quero que você me mostre o caminho

Bem, não consigo ver razão
Você está vivendo nos nervos
Quando alguém derruba um copo e eu me afogo
Estou nadando num círculo
Eu sinto que estou descendo
Deve haver um idiota que pra fazer meu papel
Alguém pensou que fosse uma recuperação
Mas tudo o que eu quero é saber

Você não vai me mostrar o caminho?
Eu quero que você me mostre o caminho
Eu quero você dia após dia

Eu acho que estou sonhando
Me sinto tão desinibido
Eu não acredito que isto está acontecendo comigo
Eu assisto você enquanto você dorme
E então eu quero seu amor

Você não vai me mostrar o caminho?
Eu quero que você me mostre o caminho
Eu quero você dia após dia

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A música parece ser feita para uma mulher. Em vários momentos o eu-lírico (nossa, esse termo me lembra os tempos de colégio) demonstra não entender a mente feminina: ele não sabe o que ela está pensando, nem porque ela está tão brava por nenhum motivo aparente e depois não entende sequer como a conquistou. Por isso ele repete constantemente nos refrões o título da música, pedindo à mulher que ela lhe "mostre o caminho" para que ele a entenda.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Nota Musical IV: O processo de amadurecimento musical

Em várias conversas sobre música com amigos meus eu comecei a reparar que sou um pouco "do contra": com relação a bandas que têm fases distintas, gosto mais das fases recentes, as quais geralmente são mais criticadas por serem mais "pop". Parando pra pensar a respeito, comecei a elaborar uma "tese" a respeito do amadurecimento musical. E é sobre ela que eu vou teorizar um pouco nesta postagem.

Eu acredito que todos os músicos passam por um processo de amadurecimento musical. Veja bem, isto não significa que o músico muda de estilo ou melhora/piora em termos de qualidade, simplesmente mudam a abordagem da sua obra. Este amadurecimento pode ser observado claramente na obra do músico, porém dificilmente esta mudança de abordagem é interpretada como um amadurecimento. De maneira geral, este amadurecimento musical gera críticas principalmente dos fãs, pois estes sempre esperam que o seu ídolo continuem "falando a mesma língua" deles, através da música. A mudança não ocorre só para o músico, o fã também tem que se adaptar à nova abordagem de seu ídolo para entender a mensagem que ele quer transmitir.

Existem infindáveis exemplos de bandas que sofreram este processo. Eu vou falar um pouco sobre Rush (é claro...), Metallica, Pink Floyd e Yes.

Começando com o Metallica, que é um dos casos mais famosos. O Metallica surgiu no começo dos anos 80 como banda de Heavy Metal (ou Speed Metal, como costumam especificar os metaleiros), lançando os furiosos álbuns Kill 'em All (1983), Ride the Lightning (1984) e Master of Pupets (1986), sendo este último considerado uma obra-prima da banda. Depois do lançamento de Master of Pupets, o baixista Cliff Burton morreu num acidente com o ônibus da banda durante a turnê, então Jason Newsted o substiuiu. Já com Jason comandando as cordas graves, a banda lançou o álbum And Justice for All... (1988), que marcou o início do amadurecimento musical da banda. Os arranjos mais melódicos se contrapunham à velocidade do som da banda nos últimos álbuns, mas a qualidade continuou a mesma. A música One foi o grande hit do álbum, tendo até merecido um clip que por muitas vezes passou na MTV. Mas a grande virada na carreira da banda viria com o homônimo Metallica (1991), mais conhecido como Black Album. Músicas como Nothing Else Matters e The Unforgiven mostram uma mudança drástica no som da banda, que passou a adotar um andamento mais cadenciado de modo geral. A partir deste álbum, o som da banda passou a seguir esta linha menos Speed Metal.

Sobre a história do Yes eu não conheço muito para dar detalhes, mas sei que foi a banda mais bem sucedida do Rock Progressivo. O Yes seguia a linha do Rock Progressivo notória por suas músicas longas e épicas, como Close to the Edge. Depois de a banda ter acabado nos anos 80, em 1983 eles voltaram com o álbum 90125, trazendo o grande hit da banda, Owner of a Lonely Heart. A partir desta época, o Yes passou a explorar mais este lado "pop" - alguns exemplos são as músicas Love Will Find a Way e Walls. Mesmo fazendo músicas mais curtas e com formatos mais convencionais, os arranjos continuaram contando com os sintetizadores complexos e outros instrumentos diversos.

O Pink Floyd foi o que foi graças às maluquices de Syd Barret nos anos 60 e de Roger Waters nos anos 70. Após a saída de Syd Barret da banda, o Pink Floyd lançou vários clássicos como The Dark Side of the Moon (1973), Wish You Were Here (1975), Animals (1977) e The Wall (1979); todos eles com fortes cargas conceituais (as agústias humanas, o tributo a Syd Barret, as metáforas homem-animal e a autobiografia de Roger Waters; respectivamente) e contando cada vez mais com a exclusividade de Roger Waters nas composições. Após o fracasso de The Final Cut (1983) e das brigas internas, Roger Waters saiu da banda (ou foi expulso, sabe-se lá...) e David Gilmour assumiu boa parte das composições do Pink Floyd em A Momentary Lapse of Reason (1987), o que torna este álbum quase como um trabalho solo do guitarrista. Tanto este álbum quanto o álbum The Division Bell (1994) mostram um Pink Floyd (ou um David Gilmour, tanto faz) mais ameno e menos "cabeçudo" do que o Pink Floyd dos anos 60 e 70. Músicas como On the Turning Away, Learning to Fly, Take it Back e Coming Back to Life mostram um lirismo dificulmente encontrado nos anos cerebrais do Pink Floyd.

O caso do Rush eu deixei por último devido à sua complexidade. A carreira da banda passou por pelo menos 4 fases distintas, sempre acompanhando os movimentos musicais de sua época. E estas diferentes fases levaram a mais de um processo de amadurecimento por parte da banda. O amadurecimento incial ocorreu por volta de 1976/1977, quando a banda começou a deixar o Hard Rock dos álbuns Fly by Night (1975), Caress of Steel (1975) e 2112 (1976) para começar a desvendar o mundo do Rock Progressivo em A Farewell to Kings (1977). Uma segunda mudança veio com o disco Permanent Waves (1980), trazendo músicas menores e com conceitos mais simples, além da introdução dos sintetizadores. Por fim, um "terceiro amadurecimento" veio no fim dos anos 80, com o álbum Presto (1989) trazendo de volta as guitarras ao lugar que havia sido tomado pelos sintetizadores. Os fãs da banda sempre questionam os integrantes do Rush sobre a possibilidade de um álbum conceitual ou da volta dos sintetizadores, mas esta realidade é cada vez mais distante.

No fim das contas, o amadurecimento musical se deve bastante pela idade de seus integrantes. As bandas que eu citei como exemplo surgiram quando seus membros tinham menos de 30 anos em média. Depois de passar a barreira dos 30 ou 35 anos, vários conceitos mudam na cabeça de uma pessoa. Toda aquela energia da juventude já foi drenada para as obras feitas na época que eram jovens e com o passar da idade a experiência vai trazendo a verdade: o grande lance da música é despertar sentimentos nas pessoas. E para despertar sentimentos e emoções, muitas vezes músicas simples já são suficientes. Quando um músico consegue sensibilizar as pessoas, - seja com músicas de 23 ou de 3 minutos, seja com arranjos orquestrais ou com voz e violão, seja explorando o modo grego mixolídio ou simplesmente a escala maior de dó - então pode-se dizer que trata-se de um músico maduro.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

The Song Remains the Same (Led Zeppelin) - Depois deles o Rock é que não foi mais o mesmo

Este é mais um daqueles que não está na minha cabeceira de fato, mas bem que merece uma vaguinha.

The Song Remains the Same é o registro de três shows feitos pelo Led Zeppelin - formado por Robert Plant (vocais), Jimmy Page (guitarra), John Paul Jones (baixo, órgão e sintetizadores) e John Bonham (bateria) - no Madison Square Garden, tradicional palco para bandas de Rock em Nova York. Na verdade, em 1973, o Madison Square Garden ainda não era tradicional propriamente dito, pois na época bandas como Queen, Led Zeppelin e Kiss estavam começando a construir o conceito de Arena Rock com shows de médio e grande porte em estádios e grandes ginásios.

Seguindo um pouco da moda lançada por grandes nomes da música como Elvis Presley e Beatles, o Led Zeppelin lançou este show num formato que hoje em dia é pouco convencional. Nos anos 60 e 70, artistas de grande renome como o Rei do Rock e os garotos de Liverpool costumavam lançar filmes, como por exemplo A Hard Day's Night (Beatles) e This Is Elvis (Elvis Presley). Até o nosso querido Roberto Carlos lançou alguns filmes, como Roberto Carlos em Ritmo de Aventura. Mas o Led fez um pouco diferente, e montou um "filme" a partir das performances gravadas em Nova York, colocando imagens diversas (além das imagens do show, é claro) para ilustrar as músicas. Estas imagens vão desde cenas de filme de máfia a la O Poderoso Chefão até cenas com Robert Plant cavalgando em montanhas e castelos medievais. A idéia destas imagens era mostrar as fantasias de cada integrante da banda.

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Nome do filme: The Song Remains the Same
Lançamento: 1976 (cinemas), 1990 (VHS)
Músicas:
01. Rock and Roll
02. Black Dog
03. Since I've Been Loving You
04. No Quarter
05. The Song Remains the Same
06. The Rain Song
07. Dazed and Confused
08. Stairway to Heaven
09. Moby Dick
10. Heartbreaker (Takes)
11. Whole Lotta Love

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O filme começa com cenas típicas de filme de máfia feitas com a participação de dois membros da equipe da banda - Peter Grant (produtor) e Richard Cole (gerente da turnê). A banda já emenda logo de início dois clássicos, Rock n' Roll e Black Dog. Nestas duas músicas já dá pra sentir a pegada Rock n' Roll da banda (sem o trocadilho com a música de abertura). Só o timbre da guitarra de Page mostra boa parte desta pegada: ele consegue tirar timbres limpos e distorcidos apenas variando a intensidade com que toca, algo que hoje em dia é difícil de se encontrar num guitarrista, principalmente depois do surgimento dos pedaizinhos de efeitos diversos.

Since I've Been Loving You e No Quarter mostram as grandes influências do Blues no som da banda, tanto com os compassos 3/4 e 6/8 quanto com as improvisações de guitarra de Page. Logo a seguir vem The Song Remains the Same, música-título do filme e que trás uma marca: a guitarra Gibson EDS-1275, uma das primeiras guitarras de dois braços fabricadas pela Gibson, esta especialmente para Jimmy Page.

Logo em seguida vem The Rain Song, um belo Blues que tem uma versão mais "elétrica" ao vivo do que em estúdio. Dazed and Confused é outro Blues que trás outra marca do gênio Jimmy Page: a guitarra tocada com arco de violino.

Stairway to Heaven merece um parágrafo a parte. Esta música adquiriu uma mística ao longo da história do Rock, devido a vários fatores. O primeiro deles foi o fato de ser uma música de mais de 8 minutos que se tornou um grande sucesso sem que tivesse sido composta para ser um sucesso. Existem também várias lendas sobre esta música: Jimmy Page teria levado mais de um ano e meio para compor esta que seria a "música perfeita", uns dizem que o guitarrista teria vendido a alma ao capeta em troca desta música, Robert Plant teria escrito a letra de uma vez só, a música seria uma mensagem do tinhoso caso fosse rodada ao contrário, nenhuma banda pode fazer cover desta música e sequer nenhum comprador pode testar uma guitarra numa loja tocando esta música (uma referência a esta última lenda aparece inclusive num filme)... Enfim, tudo isso contribuiu para que Stairway to Heaven se tornasse uma lenda na história do Rock, apesar de Robert Plant afirmar no The Song Remains the Same que a música fala simplesmente sobre esperança. A versão ao vivo desta música se tornou mais popular, porém a versão de estúdio não foi gravada com a Gibson EDS-1275 como muitos acham, e sim com uma Fender Telecaster e com violão. Confira o famoso vídeo da performance ao vivo de Stairway to Heaven:



Moby Dick é outra música lendária, desta vez pelo solo de bateria de John Bonham. Ele usa abordagens baterísticas que até hoje são atuais. Influências de seu estilo de tocar podem ser claramente observadas nos solos de bateria de Neil Peart, do Rush - que, diga-se de passagem, é fã assumido do "Bonzo". A grande marca deste solo é o trecho em que ele toca com as mãos ao invés de tocar com as baquetas. Heartbreaker é mais um Blues com longas sessões de improvisação. Pra fechar, Whole Lotta Love, mais um clássico do Hard Rock.

O Led Zeppelin foi uma banda extremamente importante para a história do Rock. Eles foram os responsáveis por inaugurar o Hard Rock que influenciou toda a geração de bandas da década de 70 e 80. Sem eles não haveria shows barulhentos com guitarras distorcidas em estádios de futebol com 50 mil pessoas. E é por isso que, apesar de a música permanecer a mesma, depois do Led Zeppelin o Rock é que nunca foi o mesmo.

domingo, 9 de agosto de 2009

Bomba (é velha, mas pra mim é nova) - Os verdadeiros motivos da separação de Edson e Hudson

Navegando pela "internê" eu achei uma entrevista do Hudson para o site Yahoo no dia 25/06. Vou reproduzi-la a seguir, só para reparar o meu pitaco dado no post de horas atrás.

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O músico Hudson Cadorini, da dupla Edson & Hudson, já era conhecido como o metal cowboy, agora, ele parte para carreira solo e se aventura no rock'n'roll mais comercial - como ele mesmo gosta de dizer.

Em entrevista exclusiva ao Yahoo! Brasil, Hudson fala da nova carreira, do gosto pelo sertanejo e pelo rock e sobre o fim da dupla que mantém com seu irmão Edson há mais de 20 anos. Entre confusões e agressões (Hudson acusa Edson de ter agredido sua mulher), o guitarrista garante que a separação não está sendo nada amigável, mas que isso não abala sua confiança na nova empreitada.

Para entrevistá-lo, contamos com a colaboração dos usuários do Yahoo! Respostas (confira a pergunta aqui), que disseram o que gostariam de saber do cowboy roqueiro. Coletamos 498 sugestões de perguntas e algumas delas podem ser conferidas abaixo.

Yahoo! - O rock é uma influência no trabalho que você fez ao lado de seu irmão Edson. Mesmo assim, muitos fãs se mostraram surpresos com o novo rumo da sua carreira na música e querem saber: por que mudar do sertanejo para o rock?
Hudson - Na verdade não tem mudança. Minha influência musical vem da minha mãe. Ela deixou uma influência muito grande, principalmente de rock. Eu sempre ouvi muita coisa desde criança, de Europe até Michel Jackson. Comecei a tocar violão com cinco anos e passei para a guitarra aos 15. Para que eu e o Edson ficássemos famosos demorou 23 anos, e eu já era guitarrista muito antes disso. Muita gente começou a me conhecer quando eu já estava na dupla, tocando sertanejo. Eu nunca escondi o meu lado guitarrista e meu lado rock e acho que isso diferenciou a dupla. E mesmo antes da dupla, eu tinha banda de rock.

Yahoo! Repostas: Alex Summers - Você não gostava de sertanejo ou está se separando porque ama o rock?
Hudson - Eu canto com o Edson desde os cinco anos e a gente sempre foi muito mais tempo anônimo do que famoso, e nesse tempo muita coisa passou. A gente achava que nunca ia fazer sucesso. O sertanejo é muito legal de ouvir, tocar e só trouxe coisa boa para mim. Eu tenho CD do Tião Carreiro e Pardinho, gosto do Chitãozinho e Xororó, e como em todo estilo musical, o sertanejo tem muita coisa bacana e muita coisa ruim, assim como o rock. Tem muita dupla mais nova que eu gosto, assim como tem dupla por aí que não é boa. Eu simplesmente tentei misturar as duas coisas e deu certo. Qual é o problema de gostar de sertanejo e de rock? Nos Estados Unidos isso é comum, caras como o Bon Jovi gostam de country e de rock, a praia deles é totalmente folk. Lá não existe essa metalidade fechada e acho que no Brasil eu consegui quebrar um pouco isso.

Yahoo! - A música "Eu não vou mudar de lado", do seu primeiro disco solo, "Turbination", é uma resposta a esse tipo de comentário?
Hudson - Não é uma resposta para o público, para os fãs, mas para aquelas pessoas que duvidaram do meu trabalho e achavam que eu tinha que mudar meu jeito e meu visual para poder fazer sucesso. É para aqueles que acharam que eu ia desistir.

Yahoo! Repostas: Adriano - Você usou a música sertaneja apenas como trampolim para a fama?
Hudson - Quem me conhece sabe que não. É só analisar meu trabalho e você vai saber que eu sempre toquei country rock com o Edson. Tenho muito respeito pelo sertanejo, não sou bitolado. Neste momento, tem um desgate da nossa carreira, muita picuinha e não tem como continuar a dupla. Se não fosse por isso, eu continuaria com o Edson e com os meus projetos paraelos, como fiz com o "Turbination". Agora eu vou lançar minha banda, mas também farei paralelamente alguns CDs mais pesados, porque como guitarrista, eu gosto desse estilo.

Yahoo! Repostas: Distraído44 A troca pelo rock'n'roll é definitiva para ou você ainda pretende volta para o sertanejo?
Hudson - Como eu disse, não estou trocando nada, vou continuar sendo eu. Quem me conhece sabe que eu gosto é de fazer música. Vou continuar fazendo música romântica, só que com uma levada mais rock'n'roll, como a música "Me Bate, Me Xinga", do Edson & Hudson. Claro que vou fazer algo mais inspirado no AC/DC, por exemplo, mas vai ser um estilo mais comercial. Eu acho que o que manda na carreira é um bom repertório e músicas legais e isso eu posso garantir.

Yahoo! Repostas: Anjo Rebelde! Quais as bandas de rock intenacional você mais gosta?
Hudson - Eu gosto de coisa dos anos 70, como Led Zeppelin, AC/DC, Pink Floyd, Van Halen. Eu tive uma banca cover de Pink Floyd. Agora guitarristas eu sempre ouvi muito Steve Vai, Yngwie Malmsteen gosto muito do Slash, dos mais antigos, essas são as minha principais influências.

Yahoo! Repostas: Rafael - Você vai investir na carreira solo instrumental ou pretende cantar no seu projeto solo?
Hudson - Eu vou lançar um trabalho diferente do "Turbination" e terei uma banda que vai me acompanhar, a banda Rollemax. Eles inclusive gravaram o DVD da turnê de despedida do Edson & Hudson. Vou ter um vocalista, o Bruno, mas também pretendo continuar lançando discos mais pesados, de guitarrista, como o primeiro, em projetos paralelos.

Yahoo! - O "Turbination" tem uma pegada mais heavy metal, qual esitlo você pretende perseguir a partir de agora?
Hudson - Eu não vou tocar heavy metal, vou fazer uma coisa diferente. Vai ser uma coisa mais bem elaborada, quero fazer uma coisa mais comercial. Não vai ser um som pesado para os metaleiros balançarem a cabeça, vai ter música romântica, vou falar de coisas da vida. Quero fazer uma música para quem gosta de rock, mas também para que gosta de um estilo mais comercial, música para tocar na rádio.

Yahoo! Repostas: Marcelo Henrique - Você não correrá o risco de perder os fãs e admiradores que já possui e não convencer possíveis novos fãs?
Hudson - Não, porque essa banda não tem o mesmo estilo daquela que eu lancei no primeiro CD, eu vou lançar uma coisa comercial. E posso garantir que vocês vão se supreender ou eu mudo meu nome!

Yahoo! Repostas: Paulo - Você não acredita que ficará o estigma junto aos roqueiros por ter pertencido a uma dupla sertaneja e dificultar sua nova carreira, além de ficar também, junto ao grupo que admira a música sertaneja, a pecha de "traidor"?
Hudson - Na verdade, o público só aumentou. Eu não mudei meu estilo, as pessoas vão perceber que eu estou do mesmo jeito, só que com outro projeto. Acho que tem preconceito sim, mas não ligo porque não faço música para esse tipo de gente. Com a dupla, nosso público médio em show é de 20, 30 mil pessoas. No show de Americana [interior de São Paulo], quando eu toquei "Patience" [música do Guns N' Roses] as pessoas adoraram, gritaram, foi o ponto alto. Acho que hoje em dia as pessoas têm preconceito com quem tem preconceito, então não me preocupo com isso.

Yahoo! - Como está a produção do primeiro trabalho solo? Tem previsão de lançamento?
Hudson - O trabalho está praticamento pronto, mas este ano eu não posso lançar nada porque tenho um contrato com o Edson de que não lançaríamos nada solo em 2009, nem faríamos qualquer tipo de divulgação, por isso, vou lançar só no ano que vem.

Yahoo!- O fim da dupla foi amigável ou houve desetendimento entre vocês?
Hudson - Na verdade não houve um fim, foram os empresários que me colocaram fora da parada. O Edson tenta negar e dizer para as pessoas que a gente está bem, mas na verdade ele e os empresários que me tiraram e agora querem me barrar, não posso falar do meu trabalho, nem divulgar, mas ele fala do trabalho dele o tempo todo.

Yahoo! - O clima entre vocês está ruim então?
Hudson - Sim, no último show, em Americana, as coisas não ficaram nada bem. Eu chamei minha banda [Rollemax] para fazer uma participação e o público gostou. Ele [o Edson] foi para o camarim com ciúmes da boa recepção do público e enquanto eu estava tocando, agrediu a minha esposa, fisica e verbalmente. Isso não é mentira, eles emitiram um comunicado desmentindo, mas é verdade. Minha esposa fez um boletim de ocorrência na delegacia da mulher e tudo. Depois ele voltou e criticou a gente no palco, disse que o que fazia sucesso era o que ele cantava e não aquela música. Enquanto o problema era entre a gente tudo bem, mas depois que mexeu com aminha mulher eu fiquei puto. Agora só faço show com ele porque tenho compromisso, porque nós temos contrato, mas o clima sempre esteve pessado. A verdade está do meu lado e Deus é maior.

Yahoo! - Por que você acha que isso aconteceu? Você se destacou mais do que ele?
Hudson - Sim, não sei se é ciúme ou raiva. Ele ironiza a banda Rollemax. Essa é a primeira vez que eu falo sobre o assunto. A separação, diferente do que ele fala, não foi amigável. Nós temos várias coisas no contrato que ele não cumpre. Não podemos falar de trabalho próprio, de sexo, de política durante os shows e ele fala o tempo todo, agora eu não posso fazer nada. Estou muito triste com tudo que está acontecendo, mas o futuro vai mostrar quem está certo. Espero que os fãs compreendam que eu estava vivendo em um mundo cheio de cobras, um mundo sufocante e que agora eu sai disso. O Edson tenta passar a imagem de ele é bonzinho e eu sou malvado da história, que estou abandonando o sertanejo e os fãs, desfazendo deles, e isso não é verdade.

Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/s/25062009/48/entretenimento-problema-gostar-sertanejo-rock-n.html

Edson & Hudson no Expresso Brasil

Queria inaugurar uma nova modalidade de post aqui no Álbuns de Cabeceira. Pretendo, sempre que possível, fazer resenhas sobre shows. Pra começar, um show da dupla Edson & (meeeeeeeeeeeeeeeestre) Hudson.

A dupla Edson & Hudson está na turnê de despedida, já que o fim da dupla está marcado para o fim deste ano. O Edson tem como plano futuro lançar seus filhos Vitor e Vitória como dupla sertaneja mirim, enquanto o Hudson já engatilha uma carreira voltada para o Rock n' Roll junto com a banda Rollemax. Este assunto da separação tem rendido um bom pano pra manga. Pelo o que ando acompanhando desta trajetória de separação, não creio que tenha sido uma briga dos dois irmãos a causa da separação. Creio que simplesmente chegou um ponto na carreira da dupla em que eles não se sentem tão confortáveis como dupla e cada um aposta em seus planos pessoais de carreira. Eu mesmo fui para o show pensando que veria "dois caras" e não uma dupla, mas acabei enganado. Ainda há uma energia entre os dois, porém com uma expressão de cansaço.

Ontem (ou melhor, hoje) o show foi na casa Expresso Brasil, na Zona Leste de São Paulo, e eu tive a oportunidade de acompanhar o show na área VIP. Antes do show, fiz uma visitinha básica ao camarim (diga-se de passagem, quase não consegui entrar) pra falar com o Hudson e pegar um autógrafo dele no meu exemplar do Turbination - sendo bem honesto: 70% dos meus motivos de ir no show foram pra ver o mestre de perto. Consegui trocar umas palavras com o Hudson e, falando sobre seu novo trabalho com a banda Rollemax, ele disse que o novo álbum já está engatilhado, só esperando pra mixar nos Estados Unidos. De acordo com o próprio, este novo trabalho não terá a pegada "nervosa" do Turbination - "[..] é uma coisa mais pra guitarrista...", disse ele sobre o primeiro trabalho solo. O novo trabalho será um trabalho mais comercial. Além disso, ele disse que o álbum Turbination e o DVD O Massacre da Guitarra Elétrica (vídeo do show com a banda Rollemax gravado no Bar da Montanha, em Limeira) serão re-lançados por uma nova gravadora.


Bem, vamos ao show. Uma coisa que me chamou a atenção foi o caráter multi-facetado do show. Basicamente o show foi dividido em 4 partes: a primeira parte foi o Country Rock ao estilo tradicional da dupla, a segunda parte à la festa de peão (com músicas dançantes estilo bailão), a terceira parte um acústico e a quarta um voz e piano com o Edson e o tecladista Orlan Chaves.


A expressão Country Rock é talvez a melhor definição para o estilo da dupla. O próprio Hudson, numa entrevista para o programa Gordo Visita da MTV, citou como influência de estilo o cantor Garth Brooks. Por minha conta cito Lynyrd Skynyrd como outra influência - no DVD Na Arena ao Vivo o Hudson usa um chapéu com o nome da banda. Ao vivo a sonoridade da banda parece mais Rock ainda, tendo bastante presença de guitarra. Uma coisa interessante que eu reparei foi o uso da afinação Drop-D em algumas músicas, o que confere um peso à mais - só para explicar, Drop-D é um tipo de afinação de violão/guitarra na qual a mizona (corda mais grave) é afinada um tom abaixo da afinação padrão (ou seja, ela fica mais grave ainda). O que mais chama atenção mesmo é a abordagem técnica que o Hudson usa no meio do estilo sertanejo. É quase como colocar o Eddie Van Halen pra tocar com o Lynyrd Skynyrd. Além disso a banda costuma fazer alguns temas instrumentais como introdução para as músicas da dupla, e foram justamente criando estes temas que Hudson e seu parceiro Vinícius-X coletaram material para o Turbination - no caso do show de ontem, a música Ligaduriuns Metranca Invertis foi um destes temas.


A parte "de rodeio" do show conta com as músicas mais agitadas. Nem tenho muito o que comentar porque não é a minha praia.

A parte do acústico foi bem interessante. Tudo começou com um tema instrumental na viola, composto por uma montagem de vários trechos de clássicos da música caipira. O fim do tema foi uma improvável homenagem ao Michael Jackson, com os teclados introdutórios e a clássica risada de Thriller. Esta parte acústica do set me parece ser tradicional nos shows da dupla, creio eu pelo fato de eles terem lançado um DVD dedicado totalmente à música regional - o DVD Na Moda do Brasil.



A próxima parte do show foi um simples voz e piano com o Edson e com o tecladista Orlan Chaves. E nessa parte do show o Edson deixa claro que canta demais. Na minha opinião, é a melhor voz da música sertaneja. E mesmo sendo um momento mais intimista do show, a galera cotinuou ligada.

Após esta parte mais intimista, o show volta ao estilo Country Rock tradicional. Nesta parte do set uma música que me chamou atenção foi uma versão de I Wanna Know What Love Is, do Foreigner - Foi Você Quem Trouxe, na versão da dupla em português. Esta música foi gravada no álbum ao vivo desta turnê de despedida, álbum chamado simplesmente Despedida. Eu sempre torci o nariz para estas versões em português, pois geralmente a música tem os mesmos arranjos da original e a letra é muito pobre - até mesmo a música Pirei, uma versão demo de Beat It (Michael Jackson) feita pelo Hudson e sua banda Rollemax, me causou este efeito. Apesar de Foi Você Quem Trouxe ter a letra bem simples, ela tem um arranjo mais voltado para o Rock, o que me chamou a atenção como roqueiro de carteirinha. E o Hudson cantando ficou muito legal. O que importa, no fim das contas, é a música conseguir tocar o coração das pessoas, e isso ela faz muito bem. Seguem os links das versões original e em português para vocês:
- I Wanna Know What Love Is:
http://www.4shared.com/file/123923575/c6c9a456/I_WANNA_KNOW_WHAT_LOVE_IS.html
- Foi Você Quem Trouxe:
http://www.4shared.com/file/123922814/57f0c770/FOI_VOC_QUEM_TROUXE.html


No show deles eu observei muito da relação fã-ídolo, talvez porque foi a primeira vez que fui num show pra ver um ídolo de verdade e não só pra ver uma banda. Assistindo o show entre a grade e o palco, vi muita gente na grade desesperada (desesperada no feminino, porque quase só tinha mulher), gritando o nome dos caras, chorando, desmaiando e etc. É uma coisa meio louca, nunca tinha visto estas coisas de perto. E esse é só um dos tipos de relação fã-ídolo. O tipo que eu estava habituado é aquela relação em que o fã quer ser o amigão do ídolo, e não colocá-lo num pedestal intocável de adoração - uma vez ouvi uma frase interessante do baixista do Rush falando sobre isso: "É como se cada um tivesse um pequeno segredinho conosco". Eu mesmo, enquanto esperava pra entrar no camarim pra falar com o Hudson, fazia uma lista mental das coisas pra falar com ele, mas obviamente não consegui falar nem 10%. O ideal seria sentar num boteco pra conversar sobre música ou até fazer uma visitinha no estúdio dele pra tocar um pouco - quem sabe ele pelo menos deixa eu olhar por 30 segundos pra Ibanez JEM dele...

Bem, como disse anteriormente, eu fui no show pra ver de perto o Hudson tocar. Obviamente, não adianta só ver o cara se as músicas da dupla forem ruins. E ainda bem que as músicas dos caras são boas, legais e têm umas letras grudentas pra ajudar na hora de cantar. Pra quem conhece um pouco do lado Guitar Hero do Hudson, vale muito a pena ir num show da dupla e aproveitar pra vê-lo em ação com o irmão. E se você está na dúvida, lembre-se de um fator importantíssimo: no mínimo 60% do público é mulher.

Pra acabar, queria agradecer à Priscila, ao Rodolfo e a todo o pessoal do Expresso Brasil que recebeu muito bem eu, minhas irmãs e meus cunhados na área VIP.

PS.: Já coloquei fotos melhores. Agradecimentos à minha irmã pelas fotos de qualidade.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mamonas Assassinas - O cometa musical brasileiro

Quem aí não sabe uma música do Mamonas Assassinas de frente pra trás e de trás pra frente? É... de fato eles foram um cometa na música brasileira. Apareceram e se foram na mesma velocidade de milhares de anos luz. E todo o sucesso que eles fizeram não foi só devido às letras e às apresentações irreverentes, mas também devido à qualidade musical que eles tinham.

A banda - formada por Dinho ("voz e vocais"), Samuel Reoli (baixo), Júlio Rasec (teclado e vocais), Sérgio Reoli (bateria) e Bento Hinoto (guitarra) - começou com o nome de Utopia e tinha um som mais sério, até certo ponto sombrio. As influências da banda se baseavam nos estilos mais modernos de Heavy Metal do início dos anos 90, como Faith no More e Dream Theater. Este estilo era uma fusão das guitarras pesadas Metal tradicional dos anos 80 com sons de sintetizador. Estas influências continuaram mesmo após a guinada que deram no estilo da banda, guinada esta ocasionada pela proução musical de Rick Bonadio - quem diria que este mesmo produtor viria a colocar tanta porcaria no mercado musical até os dias de hoje...

Neste artigo eu vou bancar o desagradável tentando explicar algumas piadas e brincadeiras que o grupo faz neste disco. Só vou fazer isso porque foi justamente neste aspecto que eles mostram uma criatividade enorme, e isso passou desapercebido por muitos na época - ainda mais pelos que eram crianças na época, como eu.

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Nome do álbum: Mamonas Assassinas
Lançamento: 1995
Músicas:
01. 1406
02. Vira-Vira
03. Pelados em Santos
04. Chopis Centis
05. Jumento Celestino
06. Sabão Crá-Crá
07. Uma Arlinda Mulher
08. Cabeça de Bagre II
09. Mundo Animal
10. Robocop Gay
11. Bois Don't Cry
12. Débil Metal
13. Sábado de Sol
14. Lá Vem o Alemão

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01. 1406
Quem aí se lembra daqueles programas de compras da TV nos anos 90? E qual era o telefone do programa? 1406!! A música fala justamente dos sonhos de consumo de um homem humilde. Nesta música o Dinho (vocal) já começa com sua imitação do Belchior, imitação esta que era quase como uma segunda-voz dele. O Dinho usa justamente o Belchior para representar os brasileiros mais humildes.

02. Vira-Vira
Vira-Vira foi um dos maiores hits da banda na época. É simplesmente uma piada de português, só que com tons de sexualidade muito bem diluídos a ponto de fazer crianças cantarem palavras como "suruba", "monoteta" e "putaria" na frente dos avós - eu fui uma destas crianças. Nesta música a banda mostra uma grande versatilidade musical, transitando do Vira (ritmo tradicional de Portugal) para o Rock em questão de segundos.

03. Pelados em Santos
Pelados em Santos foi a música que abriu as portas para o humor nas composições do grupo, e por isso se tornou o maior hit da banda na curta trajetória de um ano e meio. Esta música é uma paródia do estilo "brega" (ou popular, como queiram).

04. Chopis Centis
O Belchior cover volta em Chopis Centis, desta vez cantando uma música que é um "semi-plágio" da música Should I Stay or Should I Go, do The Clash. Mais uma música que é dedicada ao povo brasileiro.

05. Jumento Celestino
Jumento Celestino é a terceira música do álbum dedicada aos nordestinos, mais especificamente àqueles que vêm para as cidades grandes e enfrentam as mais diversas dificuldades. Mais uma boa mistura de ritmos feita pela banda, agora do Rock com o Forró.

06. Sabão Crá-Crá
Aqui temos uma piadinha interna do grupo. No encarte do álbum, a duração da música é de 4:10, quando na verdade é 0:42. E essa é só uma das piadinhas do encarte: tem o "recorte aqui e estrague seu encarte", os agradecimentos ao Chaves e ao Chapolin, etc. A música é uma à capela com aquele clássico poeminha proibido para menores de 18 anos.

07. Uma Arlida Mulher
Pela terceira vez, o Belchior cover assume os vocais. A letra conta com uma série de pérolas literárias, e dentre elas destaco duas:

Te falei que o pediatra é o doutor responsável pela saúde do pé
O zoísta cuida dos zóio e os oculista, Deus me livre, nunca vão mexer no meu
Pois nos "tira e põe, deixa ficar" da vida
serei sempre seu escravo de Jó

A música acaba com um fade-out (aquele efeito em que a música vai diminuindo de volume gradualmente até ficar inaudível), e durante o efeito o Dinho fica falando várias besteiras aleatórias. Este efeito lembra aquelas rádios que vão diminuindo o volume das músicas para o locutor falar umas baboseiras.

08. Cabeça de Bagre II
Eu não entendi porra nenhuma desta letra, e eu acho que era essa a intenção - tanto que existe uma nota no álbum dizendo "música incidental". A música é um misto de protesto, problemas da infância, imitação da risada do Pica-Pau com a guitarra e trilha sonora do "Baby Elephant Walk" (nei sei do que se trata este tal de "caminhar do elefantinho", quem souber posta um comentário aí).

09. Mundo Animal
Quem é que canta esta música? Sim, o Belchior cover novamente! A música tem um violãozinho bem simpático, que dá um tom infantil para a música. Mesmo durante os refrões pesados, sons de metalofones (aqueles tecladinhos de metal de criança) ainda mantém o clima infantil da música. Assim como em Vira-Vira, a banda mostra um jogo de cintura muito bom ao fazer uma música simpática às crianças mesmo com expressões do tipo "as cabritas têm seios", "os cachorros que comem a própria mãe, sua irmã e suas tias", "bazuca anal", etc.

10. Robocop Gay
A letra de Robocop Gay é repleta de duplos sentidos, uns mais claros e outros mais discretos. Enquanto eu escutava o álbum para escrever este artigo, descobri um backing vocal um tanto quanto indiscreto:

Minha pistola é de plástico
(Quero chupar, ah, ah)
e em formato cilíndrico
(Quero chupar, ah, ah)
sempre me chamam de cínico
(Quero chupar)
mas o porquê eu não sei.
(Quero chupar, ah)

Apesar do tom humorístico, em momento nenhum a letra é preconceituosa. As performances ao vivo desta música ganharam uma paradinha na qual o Dinho imitava o piri-piri-pi-piri da Gretchen.

11. Bois Don't Cry
Já falei sobre esta música na Nota Musical II - pra quem não leu, a parte pesada desta música mostra claras influências do Dream Theater e do Rush. Esta música mistura o Rock Progressivo destas duas influências dos Mamonas com o "Breganejo" - repare nos vocais harmonizados e nos vibratos a cada fim de verso. E no fim da música o Bento ainda faz um som de boi com a guitarra. Se você ainda não percebeu, o nome da música é inspirado na música Boys Don't Cry, do The Cure.

12. Débil Metal
Débil Metal é uma sátira do Heavy Metal. A letra (em inglês) é estremamente idiota e mostra alguns clichês do Metal (só as palavras "darkness" e "sucker" são suficientes para entender). Os vocais são inspirados no Max Cavalera, vocalista do Sepultura na época (banda que estava no auge da fama). O instrumental mostra bastante a influência do Dream Theater, com um riff de guitarra marcante e o teclado fazendo toda a base.

13. Sábado de Sol
Esta música é um acústico inocente, parecido com um luau na praia.

14. Lá Vem o Alemão
Estava demorando pra misturar o Rock com Pagode. Desta vez os imitados são Luiz Carlos (vocalista do Raça Negra) e Netinho de Paula (na época integrante do Negritude Júnior). Como é um pagodão, obviamente a letra tinha que ser de corno:

Só porque ele é lindo, loiro e forte
tem dinheiro e um Escort
como Modess, você me trocou.

Bandas com irreverência surgem aos montes no cenário musical brasileiro, mas o Mamonas foi diferente de tudo o que existia e de tudo que ainda existe. O aparecimento, o sucesso e a morte repentinos contribuem muito para a criação de um mito ao redor dos meninos de Gurulhos; mas este não é o único fator que os torna especiais. O fato de ser uma banda essencialmente escrachada sem necessariamente descuidar da qualidade musical chama muito a atenção dos fãs de música em geral. Inclusive, até hoje muitos metaleiros idolatram o Bento Hinoto, que na época já se revelava um guitarrista promissor. O que vale é ter na lembrança os momentos hilários que passamos acompanhando a passagem deste cometa pelas nossas vidas.