Queria inaugurar uma nova modalidade de post aqui no Álbuns de Cabeceira. Pretendo, sempre que possível, fazer resenhas sobre shows. Pra começar, um show da dupla Edson & (meeeeeeeeeeeeeeeestre) Hudson.
A dupla Edson & Hudson está na turnê de despedida, já que o fim da dupla está marcado para o fim deste ano. O Edson tem como plano futuro lançar seus filhos Vitor e Vitória como dupla sertaneja mirim, enquanto o Hudson já engatilha uma carreira voltada para o Rock n' Roll junto com a banda Rollemax. Este assunto da separação tem rendido um bom pano pra manga. Pelo o que ando acompanhando desta trajetória de separação, não creio que tenha sido uma briga dos dois irmãos a causa da separação. Creio que simplesmente chegou um ponto na carreira da dupla em que eles não se sentem tão confortáveis como dupla e cada um aposta em seus planos pessoais de carreira. Eu mesmo fui para o show pensando que veria "dois caras" e não uma dupla, mas acabei enganado. Ainda há uma energia entre os dois, porém com uma expressão de cansaço.
Ontem (ou melhor, hoje) o show foi na casa Expresso Brasil, na Zona Leste de São Paulo, e eu tive a oportunidade de acompanhar o show na área VIP. Antes do show, fiz uma visitinha básica ao camarim (diga-se de passagem, quase não consegui entrar) pra falar com o Hudson e pegar um autógrafo dele no meu exemplar do
Turbination - sendo bem honesto: 70% dos meus motivos de ir no show foram pra ver o mestre de perto. Consegui trocar umas palavras com o Hudson e, falando sobre seu novo trabalho com a banda Rollemax, ele disse que o novo álbum já está engatilhado, só esperando pra mixar nos Estados Unidos. De acordo com o próprio, este novo trabalho não terá a pegada "nervosa" do
Turbination -
"[..] é uma coisa mais pra guitarrista...", disse ele sobre o primeiro trabalho solo. O novo trabalho será um trabalho mais comercial. Além disso, ele disse que o álbum
Turbination e o DVD
O Massacre da Guitarra Elétrica (vídeo do show com a banda Rollemax gravado no Bar da Montanha, em Limeira) serão re-lançados por uma nova gravadora.
Bem, vamos ao show. Uma coisa que me chamou a atenção foi o caráter multi-facetado do show. Basicamente o show foi dividido em 4 partes: a primeira parte foi o Country Rock ao estilo tradicional da dupla, a segunda parte à la festa de peão (com músicas dançantes estilo bailão), a terceira parte um acústico e a quarta um voz e piano com o Edson e o tecladista Orlan Chaves.
A expressão Country Rock é talvez a melhor definição para o estilo da dupla. O próprio Hudson, numa entrevista para o programa Gordo Visita da MTV, citou como influência de estilo o cantor Garth Brooks. Por minha conta cito Lynyrd Skynyrd como outra influência - no DVD
Na Arena ao Vivo o Hudson usa um chapéu com o nome da banda. Ao vivo a sonoridade da banda parece mais Rock ainda, tendo bastante presença de guitarra. Uma coisa interessante que eu reparei foi o uso da afinação Drop-D em algumas músicas, o que confere um peso à mais - só para explicar, Drop-D é um tipo de afinação de violão/guitarra na qual a mizona (corda mais grave) é afinada um tom abaixo da afinação padrão (ou seja, ela fica mais grave ainda). O que mais chama atenção mesmo é a abordagem técnica que o Hudson usa no meio do estilo sertanejo. É quase como colocar o Eddie Van Halen pra tocar com o Lynyrd Skynyrd. Além disso a banda costuma fazer alguns temas instrumentais como introdução para as músicas da dupla, e foram justamente criando estes temas que Hudson e seu parceiro Vinícius-X coletaram material para o
Turbination - no caso do show de ontem, a música
Ligaduriuns Metranca Invertis foi um destes temas.
A parte "de rodeio" do show conta com as músicas mais agitadas. Nem tenho muito o que comentar porque não é a minha praia.
A parte do acústico foi bem interessante. Tudo começou com um tema instrumental na viola, composto por uma montagem de vários trechos de clássicos da música caipira. O fim do tema foi uma improvável homenagem ao Michael Jackson, com os teclados introdutórios e a clássica risada de
Thriller. Esta parte acústica do set me parece ser tradicional nos shows da dupla, creio eu pelo fato de eles terem lançado um DVD dedicado totalmente à música regional - o DVD
Na Moda do Brasil.
A próxima parte do show foi um simples voz e piano com o Edson e com o tecladista Orlan Chaves. E nessa parte do show o Edson deixa claro que canta demais. Na minha opinião, é a melhor voz da música sertaneja. E mesmo sendo um momento mais intimista do show, a galera cotinuou ligada.
Após esta parte mais intimista, o show volta ao estilo Country Rock tradicional. Nesta parte do set uma música que me chamou atenção foi uma versão de
I Wanna Know What Love Is, do Foreigner -
Foi Você Quem Trouxe, na versão da dupla em português. Esta música foi gravada no álbum ao vivo desta turnê de despedida, álbum chamado simplesmente
Despedida. Eu sempre torci o nariz para estas versões em português, pois geralmente a música tem os mesmos arranjos da original e a letra é muito pobre - até mesmo a música
Pirei, uma versão demo de
Beat It (Michael Jackson) feita pelo Hudson e sua banda Rollemax, me causou este efeito. Apesar de
Foi Você Quem Trouxe ter a letra bem simples, ela tem um arranjo mais voltado para o Rock, o que me chamou a atenção como roqueiro de carteirinha. E o Hudson cantando ficou muito legal. O que importa, no fim das contas, é a música conseguir tocar o coração das pessoas, e isso ela faz muito bem. Seguem os links das versões original e em português para vocês:
- I Wanna Know What Love Is:
http://www.4shared.com/file/123923575/c6c9a456/I_WANNA_KNOW_WHAT_LOVE_IS.html- Foi Você Quem Trouxe:
http://www.4shared.com/file/123922814/57f0c770/FOI_VOC_QUEM_TROUXE.htmlNo show deles eu observei muito da relação fã-ídolo, talvez porque foi a primeira vez que fui num show pra ver um ídolo de verdade e não só pra ver uma banda. Assistindo o show entre a grade e o palco, vi muita gente na grade desesperada (desesperada no feminino, porque quase só tinha mulher), gritando o nome dos caras, chorando, desmaiando e etc. É uma coisa meio louca, nunca tinha visto estas coisas de perto. E esse é só um dos tipos de relação fã-ídolo. O tipo que eu estava habituado é aquela relação em que o fã quer ser o amigão do ídolo, e não colocá-lo num pedestal intocável de adoração - uma vez ouvi uma frase interessante do baixista do Rush falando sobre isso:
"É como se cada um tivesse um pequeno segredinho conosco". Eu mesmo, enquanto esperava pra entrar no camarim pra falar com o Hudson, fazia uma lista mental das coisas pra falar com ele, mas obviamente não consegui falar nem 10%. O ideal seria sentar num boteco pra conversar sobre música ou até fazer uma visitinha no estúdio dele pra tocar um pouco - quem sabe ele pelo menos deixa eu olhar por 30 segundos pra Ibanez JEM dele...
Bem, como disse anteriormente, eu fui no show pra ver de perto o Hudson tocar. Obviamente, não adianta só ver o cara se as músicas da dupla forem ruins. E ainda bem que as músicas dos caras são boas, legais e têm umas letras grudentas pra ajudar na hora de cantar. Pra quem conhece um pouco do lado Guitar Hero do Hudson, vale muito a pena ir num show da dupla e aproveitar pra vê-lo em ação com o irmão. E se você está na dúvida, lembre-se de um fator importantíssimo: no mínimo 60% do público é mulher.
Pra acabar, queria agradecer à Priscila, ao Rodolfo e a todo o pessoal do Expresso Brasil que recebeu muito bem eu, minhas irmãs e meus cunhados na área VIP.
PS.: Já coloquei fotos melhores. Agradecimentos à minha irmã pelas fotos de qualidade.