sexta-feira, 22 de maio de 2009

Turbination (Hudson Cadorini) - Guitar Hero de bota e chapéu de cowboy

Depois de escutar com carinho toda esta obra, decidi fazer um review pra mostrar como existem músicos neste nosso "Brasil varonil" que não recebem o devido valor merecido.

Sou fã desse cara há mais de um ano. Lembro que a primeira vez que o vi foi num programa da Ivete Sangalo na Globo. Não dava 10 merréis prum caipira com uma guitarra no pescoço, até ele mandar o solo de Another Brick in The Wall sem pestanejar, então passei a respeitá-lo. Tempo depois o vi novamente na TV, agora num programa da Eliana, tocando uma double neck enquanto um cara esculpia uma guitarra no gelo. Não contente, o cara tinha ainda aqueles rackzinhos com uma Les Paul e uma JEM – "Hum, esse cara não é pouca porcaria não...". Bastante tempo depois, acho que no fim de 2007, estava fazendo um surf de canal e eis que me deparo com o show do Edson & Hudson e pensei: "Vamos ver o que esse cara toca". De repente, após uma música X deles, a câmera mostra toda a arena de cima, e quando volta a câmera pro palco estava ele mandando o início de Violência Armada. "Caralho!!! Que foda!!". Depois disso, virei fã. Até houve uma oportunidade que fui a um supermercado aqui perto de casa e estava passando este DVD numa TVzona, então eu fui lá e pulei as músicas na cara dura pra ver Violência Armada.


Bom, pra quem não sabe Hudson Cadorini é o mesmo Hudson da dupla sertaneja Edson & Hudson de Limeira/SP. O Hudson vinha mostrando há algum tempo as suas habilidades como guitarrista no próprio som da dupla, e depois de "consolidar" a carreira da dupla decidiu gravar este álbum solo dedicado exclusivamente à musa dos Guitar Heros: a guitarra.

**********************************************************************************


Nome do álbum: Turbination
Lançamento: 2008
Músicas:
01. Deep Van Riff
02. Violência Armada
03. Turbination Mocolotrox
04. Vl Max
05. Zum Zum Zum
06. Ligaduriuns Metranca Invertis
07. Fat Riff in Db
08. Sinal de Vida
09. Eu Não Vou Mudar de Lado
10. Delax
11. Lágrimas de Deus
12. Deixa pra Lá
13. K7

**********************************************************************************

1. Deep Van Riff
É a típica música de abertura: riff marcante, pegada bem cadenciada e Rock n' Roll. Talvez esteja aí o ponto de comparação com guitar heros como Joe Satriani, por exemplo - apesar de o guitarrista limirense apontar como influências David Gilmour (Pink Floyd), Steve Vai e Eddie Van Halen (Van Heln). Mas acho que as comparações param por aí, pois o estilo do Hudson é muito mais abrangente.

2. Violência Armada
Essa talvez seja a "música de trabalho" do álbum. Ela foi gravada no DVD ao vivo da dupla sertaneja, num momento bem peculiar do show – imagine o cara de bota com espora e chapéu de cowboy tocando toda essa parafernália! Ele mostra boa parte do seu aparato técnico, com tappings e aquelas frases rápidas que parecem uma "varrida" no braço da guitarra, além das alavancadas à la Vai. Na performance ao vivo ainda é incluso um talk box, vejam:



3. Turbination Mocolotrox
Uma coisa é inegável: ele foi muito criativo ao dar nome para as músicas – dar nome pra instrumental não é fácil. Essa aqui mostra todas as tendências mais metaleiras.

4. Vl Max
Se vocês escutarem essa música, vão pensar a mesma coisa que eu: pagaram um bêbado pra falar essas merdas na introdução? Na verdade, trata-se da seguinte fala, só que invertida:

A chuva choveu! A chuva choveu!
Molhou meu caralho, molhou meu caralho!
Hoje eu como com o Dum, hoje eu como com o Dum.

Essa é uma das três músicas letradas do álbum, mostrando uma tentativa de relacionar o Rock n' Roll com a realidade nacional, chegando a colocar lado a lado a guitarra e a viola. É uma letra meio bobinha, mas o instrumental é bem legal, com um som de teclado bem interessante.

5. Zum Zum Zum
Muita gente logo de início comparou o Hudson com outros guitar heros, principalmente os da turma do G3, mas depois de ouvir o Turbination passei a discordar. Ele tem um estilo próprio que é bem representado nesta música. Ele conseguiu misturar muito bem um belo som de violão com uma guitarra distorcida, fazendo uma música mais voltada para uma "balada". Imagino que ele deve ter usado mais de uma guitarra pra gravar esta música – não sei quais, mas devem estar dentro da coleção dele: Ibanez JEM, Gibson Les Paul, Fender Stratocaster SRV, Peavey Wolfgang, Gibson Flying V e Gibson Doubleneck. E é claro que os outros músicos colaboram muito com a sonoridade da música: nada como a levada do Ivan e os slaps do Andria, fora o belo som de piano.

6. Ligaduriuns Metranca Invertis
Mais uma música com nome escroto e com introdução do bebum - nessa a fala invertida é: "Vai toma no cu, puta som!". É um típico Speed Metal, com vários ligados – perdão se usei a nomenclatura errada, mas quem escutar terá idéia do que estou falando. Ela tem até uma paradinha, e quando volta rola um efeito estéreo da guitarra, parecendo que cada lado foi gravado com um amplificador diferente.

7. Fat Riff in Db
Mais um instrumental bem Hard Rock, com todas as firulas já tradicionais. E ainda tem um fim bem legal, com um timbre de teclado vocalizado enquanto a guitarra toca bem ao fundo, com bastante reverb, parecendo que está num estádio vazio.

8. Sinal de Vida
Essa é outra balada muito bem trabalhada, com belos detalhes pianísticos e que apresenta uma boa transição do crunch pro pesado. E mais uma vez ele aparenta trabalhar com mais de uma guitarra na mesma música. E a porção final tem uma subida de tom que dá significado ao título.

9. Eu Não Vou Mudar de Lado
Essa é uma típica música de Hard Rocker marrento. Basta observar o refrão:

Eu não vou mudar de lado
Só pra ouvir você dizer
Que um dia iria me convencer
Pois eu sei que isso tudo
É ilusão do coração
Eu não sei de tudo mais tenho
razão

Olha, e o cara até que manda bem nos vocais. Tanto que fiquei com esta letra na cabeça por dias. É uma das minhas músicas preferidas do álbum.

10. Delax
Essa música é bem "Hudson", se é que vocês me entendem. Ele mistura todas as suas influências: desde o Hard Rock, até o Funk (que é atravessado por um fraseado bem "varrido"). E os efeitos também, usando desde os slow attack até o wah-wah. O teclado também merece destaque, pois dá toda a atmosfera da música. Pra mim, a melhor do álbum.

11. Lágrimas de Deus
Mais um violão-guitarra. Me espanta como o cara manda uns tappings junto de uma base acústica, com um órgão de fundo dando a atmosfera sacra da música...

12. Deixa pra Lá
A última música letrada trás uma letra curiosa, até um tanto filosófica, mostrando certa indiferença com relação aos problemas do mundo. A mistura de ritmos latinos e Rock n' Roll ficou bem interessante, ainda mais incluindo um slow attack e uns sons de talk box.

13. K7
K7 faz jus ao seu nome. Ela foi gravada ao vivo no estúdio, provavelmente usando um gravador de fita K7. Esta música é uma alusão aos tempos em que o Hudson e seu parceiro de composições Vinícius X se reuniam para compor os temas musicais que vieram a formar o Turbination. Uma boa música para encerrar um álbum, por sua simplicidade.

Sobre o Hudson, só ouvindo mesmo pra ter noção. Na minha opinião, já é um dos maiores guitarristas brasileiros; não só por sua técnica, mais principalmente pela sua criatividade e pela facilidade com que ele transita entre vários estilos. Se você gosta de música – não só Rock 'n Roll, mas qualquer outro estilo - escute o álbum e/ou procurem o DVD O Massacre da Guitarra Elétrica, que nada mais é que o registro ao vivo de quase todas as músicas do Turbination tocadas pelo Hudson juntamente com a sua banda, a Banda Rollemax. Trata-se de uma aula de técnica, composição, mixagem e tudo mais. O Turbination só veio para provar que há muitos músicos no Brasil escondidos por aí e não têm o valor merecido devido à falta de exposição na mídia.

E fiquem de olho! O cara está com um trabalho novo saindo do forno. Como a dupla com o Edson tem data marcada para acabar (no fim de 2009 eles se separam e seguirão carreira solo), resta esperar por novos trabalhos deste gênio (sim gênio) da guitarra.

Começando com o primeiro álbum da cabeceira - Moving Pictures (Rush)

Formado por Geddy Lee (vocais, baixo e teclado), Alex Lifeson (guitarra) e Neil Peart (bateria e percussão), o Rush é um power trio de grande talento instrumental surgido no Canadá em 1974, com influências de bandas de Hard Rock da época como Led Zepellin, Cream e The Who. Gravado em 1981, o álbum Moving Pictures foi o álbum mais aclamado do grupo, sendo o responsável pela popularidade mundial do som desses três caras de Toronto. Como o próprio Neil Peart já disse em uma entrevista: "Com o Moving Pictures, nós passamos a vender duas vezes mais discos, passamos a tocar duas vezes mais nas rádios, pasamos a ter duas vezes mais pessoas nos nossos shows...".

Vindo de uma fase de experimentações no final da década de 70, com o uso de novos instrumentos, abordagens rítmicas e de sintetizadores, o Rush chegou à década de 80 com o propósito de seguir uma linha determinada a partir das experimentações realizadas anteriormente. Para tal, o trio iniciou a década com o álbum Permanent Waves (1980), precedente do Moving Pictures, já mostrando uma linha menos experimental, mais direta e com a presença marcante dos sintetizadores. No ano seguinte, o lançamento de Moving Pictures só veio a confirmar a tendência de praticamente toda a década de 80: pegada Hard Rock, juntando alguns elementos de outros ritmos musicais e letras com temas urbanos.

*********************************************************************************


Nome do Álbum Moving Pictures
Lançamento: 1981
Músicas:
1. Tom sawyer
2. Red Barchetta
3. YYZ
4. Limelight
5. The Camera Eye
6. Witch Hunt
7. Vital Signs

*********************************************************************************
1. Tom Sawyer
O álbum começa com o maior hit da carreira do grupo, Tom Sawyer, inspirado no livro “As Aventuras de Tom Sawyer”, de Marc Twain. Logo na primeira faixa os três mostram tudo o que sabem em linhas de bateria complexas, teclados marcantes e a guitarra casando com o todo da música. Além de tudo, a música foi tema de abertura da versão brasieira do seriado “Profissão Perigo”, ou simplesmente “o seriado do McGyver”.

2. Red Barchetta
Logo em seguida, a adrenalina de Red Barchetta, que ilustra uma corrida de carros (pode-se ouvir, em certo instante, o cantar dos pneus). Mais uma influência da vida de Peart nesta letra: a paixão pela velocidade (só que no caso dele, paixão por motos). Aconselho fortemente não ouvir esta música enquanto você dirige, pode ser muito perigoso...

3. YYZ
A terceira faixa traz uma das obras primas do grupo: YYZ. Esta música instrumental tem no nome uma história peculiar: Alex, antigo controlador de vôo, resolveu batizar a então nova música instrumental com o código do aeroporto de Toronto, aeroporto este em que ele trabalhava. Detalhe: as batidas iniciais da música, em código Morse, significam YYZ!!! A música também é marcada por um pequeno “duelo” entre baixo e bateria, e tem o grand finale com o peso dos teclados. Esta música marcou a vinda deles ao Brasil em 2002, pois a galera literalmente cantou a música insandecidamente. Mas esta história fica pra depois...

4. Limelight
Limelight é uma das poucas músicas que, assim como nas músicas compostas por Peart na década de 70, traduz sentimentos próprios do autor. Ele trata nesta música de como a fama pode arruinar a vida das pessoas, em particular, de uma banda de Rock. Este tema se justifica pelo fato de o Rush ser uma banda que nunca foi alvo da mídia, sempre conquistando fãs através de seus shows e não das rádios como a maioria das bandas famosas. Trás uma guitarra bem marcante, com um solo recheado de técnica por parte de Alex Lifeson.

5. The Camera Eye
The Camera Eye, assim como sugere o título, dá um panorama de uma cidade como que filmada de um helicóptero, possibilitando perceber todas as nuances de uma metrópole (podem ser ouvidas buzinas de carros nos primeiros segundos da faixa). Mais de dez minutos de técnica musical milimetricamente apurada.

6. Witch Hunt
Witch Hunt (ao bom português, “caça às bruxas”) faz parte da tetralogia “Fear”, cujas outras músicas (The Enemy Within, The Weapon e Freeze) estão em outros álbuns da banda (Grace Under Pressure, Signals e Vapor Trails, respectivamente). Trata-se de uma obra de suspense, em que a introdução reproduz exatamente o clima de um filme do gênero, mantendo o suspense até o início do refrão, quando há a explosão da música com o uso, mais uma vez, dos sintetizadores. A letra trata sobre o medo que muitas vezes atribuímos a fatores externos, mas na verdade está dentro das nossas próprias mentes. A letra também faz alusões à Inquisição.

7. Vital Signs
Vital Signs é talvez a música deste álbum que mais combina com a fase oitentista da banda. Seguindo a tradição dos álbuns do Rush, a última música antecipa alguns aspectos do álbum seguinte (Signals, de 1982), com uma pitada de reggae aparecendo como influência, assim como ocorreu com outras bandas da época como The Police, Talking Heads e The Clash. Peart mais uma vez mostra sua adoração por ficção científica, tentando explicar os extintos humanos através de outras ciências a não ser a própria Medicina.

Olá!

Seja bem vindo ao Álbuns de Cabeceira. Criei este espaço para dividir com você minhas opiniões sobre música em geral, pra falar um pouco sobre o que estou ouvindo, entre outros assuntos. Conto com sua participação e espero conseguir postar com uma certa regularidade para podermos trocar idéias sobre música.

Espero que você goste e sempre dê uma passadinha por aqui pra ver as novidades!