quinta-feira, 11 de junho de 2009

DVD Rush in Rio (Rush) - A saga do power trio na América do Sul

Bem, eu também tenho DVDs de cabeceira. Aí vai um dos que não podem faltar...

Pra começar, vou situar este show cronologicamente. Este DVD foi gravado no último show da turnê do álbum Vapor Trails, em dezembro de 2002. Assim como os outros shows que fizeram no Brasil naquele fim de dezembro (em São Paulo e Porto Alegre), este show foi especial por várias razões.

A primeira delas foi o fato de ser o último show de uma turnê especial, que marcou a volta da banda após um período de 6 anos parados causado pelas tragédias pessoais de Neil Peart (bateria) – sua mulher e sua filha morreram no ano de 1998. Durante este hiato, cada um seguiu seu próprio rumo: Neil pegou a sua moto e embarcou numa viagem pelas Américas Central e do Norte, como uma espécie de "viagem espiritual"; Geddy Lee (baixo, teclado e vocais) gravou seu primeiro trabalho solo, My Favorite Headache; e Alex Lifeson participou em diversos projetos musicais com bandas como o 3 Doors Down, por exemplo. Em 2001 eles começaram a se reunir gradativamente e o resutado desta reunião foi o álbum Vapor Trails, lançado em 2002. Depois de muito discutirem sobre fazer ou não uma nova turnê, acabaram decidindo por fazê-la.

A segunda razão que torna este show especial foi o fato de terem vindo ao Brasil pela primeira vez, atendendo aos pedidos dos fãs que os aguardavam por mais de 20 anos, mesmo sabendo dos riscos que havia em fazer três shows do porte que fizeram. E o calor com que foram recebidos fez com que esta se tornasse uma experiência inesquecível para cada um deles, tanto que lançaram o CD e o DVD ao vivo Rush in Rio com o resultado da gravação do último show, no Maracanã. E a terceira foram os públicos que vieram lhes assistir nestes três shows: 25000 em Porto Alegre, 60000 em São Paulo e 40000 no Rio de Janeiro; os três superando com folga qualquer show que eles já tinham feito na carreira.

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Nome do DVD: Rush in Rio
Lançamento: 2003
Músicas:
01. Tom Sawyer
02. Distant Early Warning
03. New World Man
04. Roll the Bones
05. Earthshine
06. YYZ
07. The Pass
08. Bravado
09. The Big Money
10. The Trees
11. Frewill
12. Closer to the Heart
13. Natural Science
14. One Little Victory
15. Driven
16. Ghost Rider
17. Secret Touch
18. Dreamline
19. Red Sector A
20. Leave That Thing Alone
21. O Baterista
22. Resist
23. 2112
24. Limelight
25. La Villa Strangiato
26. The Spirit of Radio
27. By-Tor and the Snow Dog/Cygnus X-1: Prelude/Working Man

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Quanto ao som, este álbum tem uma sonoridade peculiar. Tem a mesma coerência de um álbum de estúdio, já que as músicas, mesmo sendo de épocas distintas da carreira do Rush, têm uma sonoridade parecida. A qualidade do som é muito questionada, mas o fato é que o som do DVD é significativamente melhor que o do CD. As guitarras bem pesadas e o baixo com um timbre "crunch" característico que até hoje é um mistério para vários baixistas fãs da banda têm esta cara graças ao equipamento de som de qualidade "duvidosa" usada não só no show do Rio de Janeiro, mas também nos shows de Porto Alegre e São Paulo. A bateria com som marcante já era uma característica conhecida de outros álbuns, tanto de estúdio como ao vivo.

O DVD começa com imagens do Rio de Janeiro (obviamente, do Cristo Redentor), do Rush indo ao estádio e da polícia escoltando-os – interprete como quiser. Também há imagens do público ensandecido entrando no estádio e gritando: "Rush, Rush, Rush...".

O primeiro bloco do show é composto pelos maiores sucessos. Logo na abertura, "Tom Sawyer", o maior hit da banda que ficou conhecido aqui no Brasil por ser o tema de abertura do seriado do McGyver. A galera vai à loucura. Seguem outros hits como "New World Man" e "Distant Early Warning", além de um novo trabalho, "Earthshine".

"YYZ" merece um parágrafo à parte. Esta música instrumental foi literalmente cantada pelo público, algo jamais visto pelos integrantes da banda num show. Tanto que, durante as mixagens, por várias vezes eles isolavam o canal por onde se captou as vozes da multidão e escutavam repetidas vezes. Esta história sempre é lembrada em diversas entrevistas dadas pela banda.

Outros sucessos se seguem, como as baladas "The Pass" e "Bravado", a eletrizante "The Big Money" e as clássicas "The Trees" e "Freewill" – esta última merecendo uma ovação de mais de 40000 pessoas durante a seção instrumental. Sabendo do gosto dos latinos por "Closer to the Heart", eles incluíram-na no set list especialmente para os shows no México e na América do Sul. E para fechar o primeiro bloco, "Natural Science".

O segundo bloco começa com uma explosão de chamas artificiais e com a música "One Little Victory", música do novo trabalho que simbolizou o retorno triunfal e energético de Neil Peart. A ela se seguiram "Driven", "Secret Touch" e "Ghost Rider", as duas últimas do trabalho mais recente da banda. Depois tiveram "Dreamline", "Red Sector A" e a instrumental "Leave that Thing Alone".

E como costumava acontecer durante a turnê anterior (do álbum Test for Echo), veio o solo de bateria, desta vez justamente nomeado "O Baterista". Este é o solo mais emblemático da carreira de Peart, senão o melhor. Mistura ritmos africanos, jazz, rock e até um pouquinho de samba. Um prato cheio para os bateristas, e para os fãs em geral também.

Para dar um descanso a Neil, Geddy e Alex fizeram uma versão acústica de "Resist" somente em voz e violões, coisa jamais feita em turnês anteriores. É sem dúvida um dos momentos mais emocionantes do show. Logo em seguida, para romper com o momento singelo, se ouve o sweep marcante de "2112". O público fica louco e acompanha aos pulos e aos gritos de "Hey!" nas paradinhas. Logo em seguida vem o clássico "Limelight".

"La Villa Strangiato" é outra que merece um parágrafo a parte. Trata-se de uma instrumental que é a maior obra-prima de Alex Lifeson, pois foi composta como uma compilação de pesadelos e outras besteiras que fazem parte da personalidade dele. Ao longo dos anos, sempre a banda fez uma passagem intermediária na música na qual Alex improvisava qualquer idiotice que tivesse em mente. Nesta versão, Alex começa a tentar cantar totalmente desafinado, depois apresenta a banda de uma maneira totalmente insana e, para apresentar Geddy, diz: "On the bass guitar: the guy from Ipanema". E Geddy toca um trecho do clássico de Tom Jobim.

E para encerrar ainda há um medley de três músicas dos anos 70: "By-Tor and the Snow Dog", "Cygnus X-1: The Voyage Prologue" e "Working Man".

Assistir o show já basta para a maioria das pessoas, mas o mais legal é o documentário "The Boys in Brazil", no segundo DVD. É um documentário que mostra toda a saga da banda nas três cidades em que passaram, desde a chegada no aeroporto de São Paulo, com dezenas de fãs esperando como se eles fossem mega pop stars (provavelmente você nem sabia o nome dos caras antes de ler este review); até os momentos antes de cada show e as "fortes emoções" com relação ao tempo chuvoso e os equipamento que falhavam.

O documentário serve para trazer quem está assistindo para a realidade da época do show. Ver o frenesi dos fãs nas filas para entrar no estádio; o depoimento de vários deles falando sobre a espera de mais de 20 anos para vê-los; a paixão e fanatismo incondicional que eles têm por um cara narigudo, um tiozão meio fora de forma que parece o Lóide de "Debi e Lóide" e um mestre das letras e das baquetas; vê-los circulando pelas ruas de sua cidade (ou do seu país, se você não mora em nenhuma destas cidades); ver uns caras na platéia agradecendo aos céus por eles terem vindo... tudo isso faz deste show uma experiência indescritível. Eu, como fã desta banda, me arrependerei de não ter ido neste show até a próxima vez que eles vierem – ou seja, isto pode significar que eu me arrependerei até a morte.

Para os que já são fãs do Rush, só a experiência de assistir este DVD já dá um nó no coração de pensar "Cacete, por que eu não fui ao show?", ou "Cacete, quero ir num show deles de novo!". Para quem não é fã e tem curiosidade em conhecer a banda, trata-se de um ótimo cartão de visitas, principalmente para tirar seguinte dúvida: como uma banda que não costuma tocar em rádios vem para o Brasil e arrasta 125000 fanáticos para estádios? Assista e reflita...

Um comentário:

  1. E ae Érico, bem vindo ao mundo blogueiro da internet!!!

    []'s
    Mussa

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