
O filme, em poucas palavras, conta a história de um garoto (Willie) que escreve textos sobre música para jornais locais sem muita expressão – qualquer semelhança com o indivíduo que vos fala não é mera coincidência. Ele conhece um escritor de uma revista de maior porte, a Cream, que o convida para escrever um texto sobre o Black Sabbath – ah, o filme se passa em 1973. Indo ao show da banda pioneira do Heavy Metal, Willie faz contatos com uma banda de menor expressão, o Stillwater, e a partir daí passa a acompanhar a rotina da turnê da banda. O conflito do filme gira em torno de uma proposta que o garoto recebe para escrever um artigo para a Rolling Stone, fazendo com que ele fique dividido entre o profissionalismo e a amizade que cria com o grupo.
Para os fãs de Rock n’ Roll, o filme é um prato cheio. A começar pela trilha sonora: Black Sabbath, Led Zeppelin, Deep Purple, Yes, etc. Cenas com o ônibus na estrada com clássicos acústicos como Tangerine ao fundo são de comover qualquer roqueiro de meia idade. Mas o que chama mais a atenção é a realidade de uma banda na estrada e todos os clichês que nós imaginamos (ou não): groupies (groupies não, “ajudantes da banda”), disputas de ego, conflitos existenciais, problemas com drogas, conflito com empresários e com imprensa, dentre outros. Tudo isto trás um imenso sentimento de nostalgia com relação à época mais idealista do Rock, quando os conflitos contra o capitalismo que o cercava chegaram ao auge.
No meio deste caldeirão está o garoto Willie, criado por uma mãe viúva mão-de-ferro que às duras penas cedeu às vontades do filho em seguir a banda. O que era pra durar alguns dias se estendeu por semanas, sempre com o garoto no encalço do guitarrista Russel Hammond tentando obter uma entrevista. Pra piorar, ele assiste a groupie Peny Lane (“Penny lane is in my ears and in my eyes [...]”), pela qual se apaixonou, se derreter por Russel.
É um filme saudosista, mas ao mesmo tempo crítico – uma crítica mais polida, e não uma sátira como outro filme clássico sobre o Rock, This Is Spinal Tap. A crítica gira principalmente em torno do trabalho feito com a imagem das bandas. Além de ajudar na compreensão de como uma banda pode subir e descer o elevador da fama com a mesma facilidade, ele ainda dá aquele gostinho de reviver os anos dourados do Rock n’ Roll – ou matar os mais novos de inveja, no meu caso.
Domingo, 3 de dezembro de 2009, 01:14. Fim do texto. Bem que a Rolling Stone poderia dar uma olhadinha por aqui...